Por Angelo Duarte | Janeiro/2019

 

Fonte: AdoroCinema

Não deixe de ver o filme O Confeiteiro, de preferência se perto do cinema tiver uma boa confeitaria. O sabor fica para depois do saber. O filme dirigido pelo israelense Ophir Grazier, 37, nos fornece bastante informação sobre cultura judaica, sexualidade, religião, cultura e receitas incríveis.

As cidades retratadas são Berlim, capital alemã e Jerusalém, israelense. A confeitaria Café Konditorei é o cenário principal das primeiras cenas, que dão água na boca do espectador. Nesta cafeteria berlinense,  diante de um expresso, uma torta e biscoitos de canelas uma surpreendente relação tem início. Calma, não tão surpreendente, claro, mas o interessante é que o filme, sem nenhum tipo de preconceito, explora a subjetividade dos protagonistas, Thomas e Oren. Thomas é o confeiteiro e Oren, seu amante, casado com Anat, com quem tem um filho.

Apesar dos distintos modos de vida, lugares, religiosidade e afetividades, somos capazes de nos enxergar psicologicamente como os protagonistas do filme. Uma relação secreta entre dois homens, de países diferentes, práticas religiosas e culturas opostas.

Thomas, o confeiteiro vai pra Jerusalém, após saber da morte de seu amante, Oren. Ao chegar em Jerusalém, Thomas vai procurar pelo endereço da viúva, Anat. Após encontrá-la, o confeiteiro não se identifica como amante de seu falecido marido. Ao invés disso, pede um emprego na cafeteria, o que lhe é negado por Anat num primeiro momento. Ao voltar novamente ao local, surge uma oportunidade e, finalmente, Thomas consegue o emprego que desejava na cafeteria.

Conflitos culturais são pontuados em vários momentos do filme. Além de não falar hebraico, Thomas é reprimido por Moti, líder religioso e conselheiro de Anat. Moti aconselha a Anati que jogue todos os biscoitos feitos por Thomas fora, porque um não-judeu não pode acender um forno em um restaurante kosher. “Com tantos jovens israelenses para serem contratados, ganha a oportunidade um alemão. Essa fala de Moti aponta para temas bastante atuais, como migração e emprego. O confeiteiro fica desolado com a notícia de não poder cozinhar nem ligar o forno. Por um lado, Anat é mais pragmática, pois reconhece que Thomas deu outro sabor a cafeteria e nitidamente levou ao aumento de clientes no espaço. No desenrolar da trama, Thomas ganha a confiança do mentor religioso de Anat, recebendo inclusive um apartamento para morar.

Fonte: YouTube

A viúva de Oren, que se divide em dar atenção ao filho Itan e sua cafeteria, vai aos poucos vai deixando questões religiosas de lado. Thomas, seu novo empregado, faz o que melhor sabe, tortas e doces. Anat acaba se apaixonando por ele, que topa iniciar uma relação.

O filme espelha diversas características das relações humanas no contexto urbano. No entanto, suas imagens são sensíveis, com uma iluminação que condiz com nossa realidade, provocando sempre sensações agradáveis de afeto e uma vontade incrível de comer sem culpas.

Revelar o fim desta película seria impróprio, pois a ideia é fazer você se levantar e procurar o cinema mais próximo. Depois corra para uma cafeteria, porque com certeza vai te dar vontade. Vá conferir e lembre-se de que o que lhe parece comum pode não ser.

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