No início século XX o Rio passou por reformas urbanas focadas em pontos estratégicos da cidade. Hoje, praticamente um século após a Reforma Passos, a metrópole fluminense fora submetida a outra extensa agenda de requalificações espaciais, que tinham por intenção adequá-la à sediar megaeventos como a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016). No âmbito da segurança pública, o governo estadual implantou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), em comunidades consideradas ‘perigosas’ pelo poderio bélico do tráfico de drogas ali presente.

A partir daí notamos uma rápida mudança da abordagem do jornal O Globo sobre problemas históricos da cidade. A violência, que antes era destaque nas páginas desse periódico, de 2009 a 2016 rareou surpreendentemente. A mesma cidade que fora noticiada por décadas como “partida”, rapidamente tornou-se “pacífica”. Agora, após os Jogos Olímpicos, a violência volta a ocupar um papel central no noticiário da cidade.

A mídia hegemônica, no processo de renovação urbana, emerge como um poderoso fator sociopolítico, pois molda as representações acerca das transformações urbanas e dos lugares produzidos. Através dela, signos de bem-estar e satisfação pelo consumo são construídos. Motivam-se comportamentos e estilos de vida considerados “ideais”. Lugares são promovidos, espetacularizados e celebrados. Atuando dessa maneira, os meios de comunicação de massa ensejam uma realidade pois, ao mesmo tempo em que apontam os instrumentos a serem apreciados no mundo, apagam aqueles que não contribuem com a lógica pretendida.

Nossa pesquisa dedica-se a analisar, através do réveillon carioca, a mudança de enfoque do jornal O Globo sobre a violência no Rio de Janeiro. Para tanto, propomos uma complexa investigação sobre a construção de um novo branding da cidade e de suas potencialidades, articulado na contemporaneidade, a partir da realização de megaeventos e todas as transformações operadas no tecido urbano a fim de viabilizar esses certames.

Orientado por: Ricardo Ferreira Freitas

Desenvolvido por: Roberto Vilela Elias

A Violência no Réveillon do Rio: indagações sobre a Cidade Olímpica pós-2016