Neste mês de abril, o Profº Drº Ricardo Ferreira Freitas viaja até Montpellier, na França, para participar da 11ª edição do Colóquio Métropole Sensible. Membro do comitê científico do evento, o professor também apresenta uma comunicação intitulada “Réveillon du Nouvel An à Rio de Janeiro: des histoires sensibles de la ville”, produto de pesquisa em parceria com seu orientando e membro do LACON, Roberto Vilela Elias.

Atualmente, o Réveillon de Copacabana é apontado como o maior do mundo, tendo reunido 3 milhões de pessoas em sua última edição. Assim como o Carnaval, esse megaevento é reconhecido como um dos mais importantes do Brasil, sendo emblemas da cidade do Rio de Janeiro diante do país e do exterior. Como a praia de Copacabana, um espaço anteriormente remoto e pouco conhecido da cidade – habitado por caboclos e pescadores, palco de cultos a Iemanja – tornou-se palco deste megaevento? Nessa comunicação, o megaevento do Réveillon é analisado em perspectiva histórica, num recorte que se inicia ainda no século XIX, atravessando o tempo em uma cidade de transformações constantes e contraditórias. Sendo que, neste caso, a discussão gira em torno dos conflitos deste espaço, da Praia de Copacabana: as tradições religiosas, os interesses imobiliários, projetos políticos neoliberais.

À medida que o réveillon de Copacabana foi transformado em um megaevento, observa-se que a ação do poder público formou um esvaziamento simbólico desse espaço público como construtor da vida na cidade. Medidas de controle aplicadas ao espaço – de fechamento de ruas, proibição de vendedores ambulantes, restrição à circulação de carros – estão envolvidas nesse esvaziamento. A pesquisa aponta para uma análise do processo de espetacularização e privatização da festa de ano novo, iniciado nos anos 1990. Nestas circunstâncias, percebe-se o quanto a cultura popular é subtraída em função das novas formas de gestão de uma cidade como o Rio de Janeiro, que passa a ser pensada como mercadoria. A cultura do evento se sobrepõe ao evento da cultura.

O Colóquio “Métropole Sensible #11” é organizado pelo LEIRIS (Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre a Realidade e os imaginários sociais) e pelo Departamento de Sociologia da Universidade Paul-Valery Montpellier 3. Nesta edição do evento, pesquisadores (as) e discentes de diferentes nacionalidades se reunem em torno de um tema em comum: diferentes pontos de vista sobre ontologias possíveis para refletir o mundo sensível, paralelamente às realidades urbanas e seus imaginários, emoções, atmosferas e ambiências.

O objetivo do encontro é manter contínuos os estudos e investigações sobre a realidade urbana a partir da leitura e da análise da cidade e dos espaços urbanos. A proposta do encontro contempla tanto abordagens fenomenológicas e formais dos temas de imaginário e sensibilidades urbanas. Sendo assim, a Teoria das Ambiências fundada sobre uma metodologia plural (da sociologia dos sentidos, da percepção sensorial e do método sensível) – principal meta deste encontro – é associada ao estudo das imagens (de uma sociologia visual) e à observação local (a fenomenologia do espaço urbano, interacionismo e simbolismo da rua) permitem que se reconheça e se contrua a experiência estética dos espaços urbanos.

As informações sobre a proposta do colóquio foram retiradas e traduzidas (em forma livre) dos seguintes textos: https://calenda.org/1113954 https://www.sensorystudies.org/wordpress/wp-content/uploads/2024/01/94-en-metropole-sensible-CFP.pdf

11º Colóquio Metrópole Sensível