Ana Beatriz do N. D. da Silva | Retrospectiva

Para a última matéria da Retrospectiva XVII Congresso ABRAPCORP, temos o texto de cobertura da sessão 1 do Espaço Graduação que ocorreu no dia 11 de maio às 16h. O Espaço Graduação foi uma oportunidade para os jovens pesquisadores apresentarem os seus artigos no congresso.

A primeira a apresentar sua pesquisa foi Lídia Souza (Uneb), com “Globeleza 2017: Diversidade Cultural e Reposicionamento de Marca”. Lídia frisou que a Globeleza é a marca que representa o carnaval da Globo, desde 1990 e,  até 2016, a Globeleza sempre foi retratada por uma mulher nua, que sambava ao som de Jorge Aragão. Isso contribuiu para a sexualização da mulher negra, além do racismo e da objetificação. Em 2016, foi lançado “A Mulata Globeleza: Um Manifesto”, pelas irmãs Djamila e Stephanie Ribeiro, com objetivo de indagar a maneira que a Globeleza era representada e criticar o diretor de arte Hans Donner, que havia criado a marca. Em 2017, a emissora trouxe uma nova perspectiva em relação à identidade organizacional e passou a representar pessoas, grupos, valores e identidades. A Globeleza deixou de aparecer nua, com o corpo coberto apenas por purpurina e passou a sambar vestida com roupas que remetem às manifestações culturais do Brasil afora. Após falar sobre a mudança da emissora, Lídia falou sobre o signo, ou seja, o significado de algo para alguém, também do objeto, que é o que determina esse algo. Além disso, tem o interpretante, que é o que é determinado. Por fim, Lídia mostrou que a Globeleza funciona como um símbolo, e que Globo e Beleza formam Globeleza, ou seja, resultado do signo, objeto e o interpretante.

Em seguida, Ana Clara Crepaldi (UFMG) apresentou “Marcas e influenciadores no metaverso: a construção da imagem pública no meio virtual”. Ana explicou que o metaverso surgiu em 1992 e que era uma promessa para além das redes sociais. Ela trouxe os avatares da loja Magazine Luiza, Magalu, criado em 2003, e da influenciadora Bianca Andrade, Pink, criado em 2022. O avatar da Magalu foi feito para se colocar como uma pessoa real e engajar-se com o público, contudo, ao invés de cativar e dialogar, ele recebe muitas críticas relacionadas à empresa.  Diferente da Magalu, Pink recebe bastantes elogios, com comentários positivos sobre a influenciadora Bianca Andrade e sem relacioná-los à marca Boca Rosa Beauty. Nas fotos da Pink com outros personagens do metaverso, como Deborah Secco e Sabrina Sato, os avatares sempre interagem entre si. Já Magalu recebe duras críticas, pois as pessoas a veem apenas como uma marca, não como uma amiga. O público não separa a marca e o avatar, ou seja, existe a dificuldade de unir o real e o virtual.

A terceira a mostrar seu trabalho foi Adrielli Picanço (Uerj), com “Comunicação organizacional, interação e transformações no contexto digital’’. Adrielli contextualizou o tema com tecnologias de informação/comunicação, mídias digitais e protagonismo/mobilização social. Ela trouxe a questão da modificação do cenário com o público, que se divide em cinco temáticas: 1) o posicionamento político e sustentável, ou seja, a empresa não pode apenas dizer que concorda com um assunto, ela precisa se posicionar, falar, demonstrar e se colocar à disposição sobre o que ela defende; 2) a comunicação integrada. A empresa deve querer ter a participação dos funcionários, não deve apenas querer ditar o que eles devem fazer, mas sim ouvi-los, pois a troca de comunicação leva a um resultado melhor; 3) a presença digital das organizações. O mundo digital está cheio de interesses e importância, tudo depende de estar vinculado a esse meio, então, a organização precisa estar ligada e presente na era digital, para que tenha finalidades maiores; 4) a estratégia de comunicação. Mais uma vez, a comunicação se mostra fundamental. O diálogo precisa ser feito, independente da situação que a organização esteja. A melhor maneira dos resultados serem positivos é através de uma boa comunicação por toda a empresa, partindo dos líderes aos funcionários; e 5) a influência e a interação. A organização tem que estar ligada aos seus empregadores, ninguém melhor do que eles para opinarem sobre as empresas. A empresa não deve passar uma imagem sobre o que ela não é. A interação tem que surgir internamente.

Amanda Menezes (Unesp) trouxe uma discussão sobre acessibilidade, em um país que tem  mais de seis milhões de deficientes visuais, com “Produção para mídias sociais pautada na acessibilidade visual: o caso do “Biblioteca Falada”. Amanda lembrou que, em 2015, foi instituída a Lei Nacional de nº 13.146, de 6 de julho, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. A estudante falou sobre a pouca acessibilidade na comunicação digital e que há tecnologias assistivas, recursos que sejam acessíveis para os deficientes, mas que os stories do Instagram, por exemplo, não são assistidos por deficientes, porque não são disponibilizados para que eles tenham acesso. Amanda lembra que o público deficiente visual é numeroso e importante no Brasil, logo, eles precisam ter acesso a um conteúdo de qualidade, devidamente adaptado para eles.

Por fim, Yuri Conceição (Uneb), com a pesquisa “Planejamento e desinvestimento: o caso Petrobrás’’, relatou que existe uma proposta de desinvestimento na Petrobrás, uma sociedade anônima de capital aberto, cujo acionista majoritário é o governo federal. Yuri lembrou que a lógica neoliberal tem como objetivo a deterioração do público e o benefício do privado, assim como o desinvestimento.  Yuri ressaltou as diferenças entre desinvestimento e desestatização, o primeiro é a alienação de ativos quando há participação minoritária do Estado na economia, já o segundo é a retirada do Estado na economia, nos casos de participação majoritária. O novo Plano Estratégico da companhia para o período de 2023-2027, aprovado em 30 de novembro de 2022, consolida a Petrobrás como a maior investidora do país.

Espaço Graduação – Sessão 1