Rafael Nacif | Fevereiro 2020

A invenção do cinema pelos irmãos Lumière em fins do século XIX foi apenas uma das inovações tecnológicas suscitadas pelo processo de avanço técnico-científico iniciado no Renascimento, no séc. XVIII, no ambiente das novas metrópoles modernas surgidas a partir da reorganização dos espaços urbanos na Europa com a decadência do feudalismo da Idade Média e do surgimento das identidades nacionais modernas, resultantes principalmente das revoluções derivadas da Revolução Francesa de 1789, que criou as bases para a emergência dos Estados Nacionais europeus da Idade Moderna que configuraram Estados Nacionais no lugar das monarquias feudais por toda a Europa.

Em “O cinema e a invenção da vida moderna”, de Leo Charney e Vanessa R. Schwartz, observamos a emergência do cinema como tecnologia típica de espaços urbanos reorganizados pela decadência dos impérios monárquicos europeus e da ascensão, durante os séc. XVIII e XIX, dos Estados Nacionais Modernos e da invenção de uma série de novas tecnologias que fixaram nos ambientes urbanos de toda a Europa novos contratos sociais em que a burguesia capitalista assumia a centralidade na condução dos debates políticos dos Estados Nacionais, em contraposição à decadência das aristocracias monárquicas do período feudal. Com a reorganização política do Estados Nacionais em toda a Europa, emergiram as metrópoles modernas em substituição aos arranjos urbanísticos monárquicos medievais do período feudal.

O antropocentrismo e a centralidade dos princípios da ciência em virtude das mudanças geradas pelo Renascimento e pelo Iluminismo, fizeram com que a burguesia assumisse o papel político das antigas elites aristocráticas monárquicas, não sem embates e disputas que assolaram o continente europeu durante os séc. XVIII e XIX. 

O cinema surge então como uma tecnologia que deriva das inovações tecnológicas promovidas pela primazia da ciência racionalista sobre os cultos teocráticos medievais, e seu desenvolvimento seguirá os princípios da racionalidade industrial que inaugurou uma nova era de inovações tecnológicas e materiais nas cidades européias que se espalharam pelo mundo todo no século seguinte, o século XX, quando as inovações científicas e tecnológicas das cidades modernas tomaram o lugar dos entretenimentos medievais da época anterior, controlados principalmente pela Igreja e por seus interesses em evangelizar e catequizar a população analfabeta por meio da produção intensiva de obras encomendadas a artistas de renome como Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Rafael, Botticelli entre outros.

Antes do surgimento do cinema, podemos citar a invenção de duas inovações que foram fundamentais para antecipar a influência definitiva do cinema junto às populações das cidades modernas européias: o daguerreótipo e a fotografia. Ben Singer, em “Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular”, demonstra que a modernidade, como conceito moral e político, “sugere o desamparo ideológico de um mundo pós-sagrado e pós-feudal no qual todas as normas e valores estão sujeitos ao questionamento.” (Singer, in CHARNEY  e SCHWARTZ, 2004, p. 95). 

 

Como um conceito cognitivo, a modernidade aponta para o surgimento da racionalidade instrumental como a moldura intelectual por meio do qual o mundo é percebido e construído. Como um conceito socioeconômico, a modernidade designa uma grande quantidade de mudanças tecnológicas e sociais que tomaram forma nos últimos dois séculos e alcançaram um volume crítico perto do fim do séc. XIX: industrialização, urbanização e crescimento populacional rápidos; proliferação de novas tecnologias e meios de transporte; saturação do capitalismo avançado; explosão de uma cultura de consumo de massa e assim por diante. (Singer, in CHARNEY  e SCHWARTZ, 2004, p. 95). 

 

Simmel, Kracauer e Benjamin desenvolvem teorias sociais que deixam claro que estamos lidando com uma quarta grande definição de modernidade, que podemos chamar de concepção neurológica da modernidade. A hipótese destes autores é que a modernidade pode ser também entendida como registro fundamentalmente distinto da experiência subjetiva, caracterizado por choques físicos e perceptivos do ambiente urbano moderno.

Neste caso, o cinema surge como um dos aparatos de estimulação nervosa típicas das cidades modernas, com a emergência dos grandes magazines e suas vitrines repletas de produtos de consumo e anúncios publicitários. Para Singer, “a modernidade havia causado um aumento radical na estimulação nervosa e no risco corporal.” (Singer, in CHARNEY e SCHWARTZ, 2004, p. 98).

As primeiras exibições cinematográficas dos irmãos Lumière causaram tanto espanto no público que ele chegou a reagir à projeção da chegada de um trem como se fosse de fato um trem que estivesse chegando a uma estação e que poderia atropelar o público espectador, acostumado ainda com as representações teatrais ao vivo feitas por atores nos palcos de Paris e de outras cidades européias.

Preocuparemo-nos, a partir de agora, com um aspecto específico do surgimento do cinema que é o material em que ele era impresso. Inicialmente, a tecnologia dos irmãos Lumière registrava imagens em movimento e as projetava em películas impressas em nitrato de celulose, material altamente inflamável, produzido a partir da celulose (polpa da madeira) com ácido nítrico concentrado. Era um tipo de plástico que, descoberto no ano de 1846, foi usado pela sua propriedade de se esticar em longas tiras que correspondem às películas dos primeiros filmes impressos. Atualmente, o nitrato de celulose não é mais usado para esta finalidade, porque é muito inflamável e muitas relíquias do início da era do cinema se perderam em incêndios causados pelo aquecimento da película durante o processo de projeção, cuja invenção também se deve ao fato de ser o material disponível na época inventado pelo químico alemão Christian Friedrich Schonbein.

Neste período, o cinema era filmado em preto e branco e sem som. A adição de cores era manualmente feita por coloristas e o acompanhamento sonoro das projeções era feito com a execução de música ao vivo em pianos ou orquestras dedicadas a sonorizar as projeções. 

Uma das empresas que mais colaborou para o desenvolvimento de tecnologias de impressão fílmica foi a multinacional americana Eastman Kodak Company. A empresa foi fundada por George Eastman, o inventor do filme fotográfico, em 1888. No primeiro dia do ano de 1881, George Eastman e Henry A. Strong formaram a Eastman Dry Plate Company. Eastman deixou o seu emprego em um banco para dedicar-se inteiramente ao novo projeto, fazendo pesquisas intensas com a intenção de simplificar a fotografia. Em 1888, ele lançou a câmera Kodak, tornando a base da fotografia acessível para todos. A nova câmera podia ser transportada para qualquer lugar com facilidade. Era pré-carregada com filme suficiente para cem poses. Após a exposição, retornavam a Rochester, onde o filme era revelado. Em 1884, a parceria de Eastman e Strong formou a nova companhia Eastman Dry Plate and Film Company e, a partir de 1892, passou a se chamar Eastman Kodak Company, distribuindo mundialmente seus produtos, o que gerou a necessidade de uma grande campanha publicitária.

O nitrato de celulose causou inicialmente grandes incêndios em cabines de projeção, sendo posteriormente substituído por outras tecnologias mais seguras. A ideia de capturar, criar e reproduzir o movimento por meios mecânicos é muito antiga, entretanto, tendo antecedentes como a câmara obscura, o taumatropo, a lanterna mágica e o filme fotográfico. A técnica para captar a realidade por meios luminosos já havia sido desenvolvida pelos inventores do daguerreótipo e da fotografia, em meados do séc. XIX. Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada incandescente, esteve próximo de inventar o cinema ao patentear o kinetoscópio, criado em seu laboratório por William Dickson, que permitia apenas funções muito limitadas.

Inspirados pelo kinetoscópio e integrado-o a diversos outros inventos e descobrimentos da época, como o rolo de filmes de Eastman, os irmãos Lumière, filhos do fotógrafo Antoine Lumière, criaram o cinematógrafo, um dispositivo que permitia a filmagem, projeção e cópia de imagens em movimento; surgiu o espetáculo público derivado da exibição do funcionamento do aparato. A primeira apresentação aconteceu em 28 de dezembro de 1895, em Paris, e consistiu de uma série de imagens documentais, como as em que aparecem trabalhadores de uma fábrica (propriedade dos próprios Lumière), e a de um trem chegando na estação da cidade que dava a impressão de avançar sobre os espectadores, o que os levou a se apavorarem com a possibilidade de serem atropelados. A função das primeiras películas era majoritariamente documental, com a inovação do movimento. Tempos depois, realizaram sua primeira incursão no cinema narrativo “L’arrouser larrouser”.

Por um tempo, o cinema foi considerado uma atração menor, até que George Méliès, um ilusionista, usou o cinematógrafo como um elemento a mais para seus espetáculos, criando efeitos rudimentares mais eficazes. Sua obra mais conhecida é “ A viagem à Lua” (1902), restaurado e adaptado pelo grupo de rock Smashing Pumpkins no clipe de “Tonight tonight” dos anos 90.

Os novos realizadores captaram as grandes possibilidades que o invento oferecia e foi assim como na primeira década do séc. XX que surgiram pequenos estúdios fílmicos, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Na época, os filmes duravam poucos minutos, tratavam de temas mais ou menos simples e sua produção era barata. Além do mais, a técnica ainda não havia resolvido o problema do som, fazendo que com os filmes mudos florescessem acompanhados de um narrador e de um piano. Neste período surgiram quase a totalidade dos gêneros cinematográficos (ficção científica, filmes históricos ou de época). A comédia musical só surgiria com o cinema sonoro. Também nesta época se produziram os primeiros filmes adaptados de romances e obras teatrais, o que levaria, com o passar do tempo, a criação das franquias cinematográficas contemporâneas baseadas em personagens ou sagas.

A partir da criação da película em nitrato de celulose, sentiu-se a necessidade de substituí-la por uma versão mais segura de película, agora impressa de forma diferente segundo os padrões industriais da Eastman Kodak Company. Muitos filmes em nitrato de celulose, pelo seu alto teor de inflamabilidade, foram encontrados enterrados em diversas escavações próximas a salas de cinema no interior dos EUA.

 

Do preto e branco ao colorido, do silêncio ao som

O cinema a cores surgiu inicialmente de forma artesanal, quando coloristas eram contratados para pintar cada um dos fotogramas de uma película manualmente. O processo só se tornou automático anos mais tarde. Os métodos manuais de coloração foram abandonados com a chegada de uma tecnologia revolucionária: o áudio. Os espectadores não se importavam se a imagem era em preto e branco, mas rejeitavam o cinema mudo. Com essa nova perspectiva, as produções não viam necessidade de gastar tanto tempo e dinheiro para colorir, já que o emprego do som chamava muito mais atenção.

Apesar disso, tentativas de criar uma câmera que captasse as cores reais do mundo nunca pararam. Na década de 30, a norte americana Technicolor lançou uma câmera com três elementos, que filmava em três cores. A luz era projetada nas cores primárias e então sobreposta, dando a impressão de naturalidade. O primeiro filme que usou essa técnica foi “Vaidade e beleza” (Becky Sharp, 1935).

As cores no cinema passaram a ter maior importância a partir do surgimento de um rival de peso: a televisão. Em meados da década de 50, os produtores ficaram com medo dos espectadores abandonarem as salas de cinema, e então investiram pesado em tecnologia. Novas películas foram criadas, com câmeras mais leves e com uma maior gama de cores, tentando ao máximo se aproximar da realidade.

Os filmes que mais faziam sucesso na época eram os musicais. Eles eram uma síntese de toda a evolução do cinema até o momento: som, coreografia, cores vivas e figurinos. É fácil achar grandes exemplos disso. Uma das maiores divas de todos os tempos, Marilyn Monroe, atuava e cantava em grande parte dos seus filmes.

Na década de 60, grande parte da produção de filmes para o cinema vinha trocando o preto e branco pela cor. “Quanto mais quente melhor” (Some Like it Hot, 1959), porém, foi gravado em preto e branco por escolha. O diretor achou que se fosse a cores, a pele dos personagens ficaria esverdeada por causa da maquiagem.

“O Cantor de Jazz” (The Jazz Singer) é considerado o primeiro filme de grande duração com falas e canto sincronizado com um disco de acetato. O filme estreou em 6 de outubro de 1927. A partir de então, os filmes mudos passaram a ser substituídos pelos filmes falados ou talkies, que se tornaram a grande novidade. Al Jolson foi o ator principal do filme e o primeiro a falar e cantar num filme, com sua voz gravada em banda sonora sincronizada.

Na realidade, sempre existiram fala e canto no cinema, pois em muitas das primeiras projeções os atores e atrizes cantavam escondidos atrás da tela, como uma dublagem, assim como muitos pianistas ficavam a frente da tela, improvisando, enquanto a projeção dos primeiros curtas seguia. Por isto, O Cantor de Jazz é considerado o primeiro filme onde o som estava gravado, mas separadamente, tocando em um disco de acetato.

The Jazz Singer foi produzido pela Warner Bros. com o sistema sonoro Vitaphone. Al Jolson, famoso cantor de jazz da época, canta várias canções no filme, dirigido por Alan Crosland. A história é baseada numa peça de mesmo nome, um grande sucesso da Broadway em 1925, remontada em 1927, com George Jessel no papel principal. Foi um dos primeiros filmes a ganhar o Oscar, dividindo a premiação especial com “O circo”, de Charlie Chaplin.

 

O cinema e a produção doméstica

O cinema só ganhou um circuito de produção doméstica com o advento do filme em Super 8 no período pós-guerra. Aliás, as primeiras produções de Almodóvar na Espanha censurada pela ditadura franquista se deram por meio deste suporte. Antes de se tornar um grande diretor, Almodóvar, que não teve formação específica em cinema, usou uma câmera Super 8 para fazer seus primeiros curta-metragens que exibia com grande sucesso nas sessões da movida madrileña, movimento contracultural que tomou conta da Espanha a partir de 1975 com o falecimento do ditador, General Francisco Franco.

Neste período, Almodóvar ainda trabalhava como atendente na Telefonica, companhia de telecomunicações espanhola e com o dinheiro do salário que recebia em Madri, depois que se mudou de Calzada de Calatrava, onde nasceu e fez sua educação primária em colégios salesianos, ele conseguiu comprar uma câmera Super 8 e deu início a produção de pequenos filmes de baixíssimo orçamento e produção precária, como “Dos putas, o historia de amor que termina en boda” (1974); “Film político” (1974); “Blancor” (1975); “El sueño, o la estrela” (1975); “Homenaje” (1975); “La caída de Sódoma” (1975); “Muerte en la carretera” (1976);  “Sea caritativo” (1976); “Sexo va, sexo viene” (1977); “Salomé” (1978). 

O formato Super 8 era bem difundido nos anos 70 e várias famílias possuíam projetores e filmadoras em casa. A Kodak produzia os cartuchos para a filmagem dos conteúdos. O Super 8 pode ser considerado o formato material anterior ao VHS, que, nos anos 80, fez explodir o comércio de aluguel de fitas em comércios de bairro onde se podia encontrar títulos hollywoodianos, mas dificilmente se encontravam os títulos de cinema de arte a não ser em locadoras especializadas.

Nos anos 70, também se lançou o formato Laserdisc, que foi substituído, nos anos 90, pelo DVD, que por sua vez foi suplantado pelo formato blu-ray.

 

Um pouco mais sobre os formatos dos anos 80, 90 até a digitalização

O Video Home System (VHS), ou “Sistema Doméstico de Vídeo“, em português, é um padrão comercial para consumidores de gravação analógica em fitas de videoteipe. Foi desenvolvido pela Victor Company of Japan (JVC) na década de 70.

Em meados de 1950, a gravação em fita magnética se tornou um grande contribuidor para a indústria de televisão, por vias dos primeiros video tape recorders (conhecidos como VTRs). Naquele período, os dispositivos eram usados apenas para caros ambientes profissionais como estúdios de televisão, e em ambientes médicos (fluoroscopia). Em meados de 1970, o videotape começou a ser utilizado de forma caseira, criando a indústria de home video, fazendo alterações nos negócios de televisão e filmes. A indústria de televisão via os VCRs como rivais de seu negócio, enquanto os telespectadores apenas viam no VCR uma forma de “ter controle” de seus hobbies. 

Em 1980 e 1990, com o VHS no pico de sua popularidade, aconteceu a guerra do formato do videocassete na indústria de vídeos caseiros. Dois dos formatos, o VHS e o Betamax, receberam maior destaque na mídia. Todavia, o VHS ganhou a guerra, se consolidando como o maior e mais predominante formato de vídeos caseiros de seu período.

Posteriormente, os discos ópticos começaram a oferecer melhor qualidade que as fitas analógicas tradicionais, bem como o super-VHS. Um dos pioneiros deste formato, o LaserDisc, não foi muito bem recebido. Todavia, após a introdução do DVD em 1997, o mercado do VHS começou a entrar em declínio. Em 2008, o DVD conseguiu alcançar aceitação total, substituindo o VHS como formato de distribuição. 

Em 2016, a Funai Electric que ainda fabricava leitores de VHS, anunciou que iria deixar de o fazer, uma vez que o processo para conseguir os componentes necessários tornou-se demasiado complexo.

Era muito comum nos anos 80 reunir a família nos fins de semana e alugar fitas de vídeo com títulos disponíveis nas locadoras de bairro que ofereciam o material a baixíssimo custo e com qualidade razoável. O Laserdisc, apesar de ter surgido antes do VHS, não foi bem aceito pelo mercado e se tornou um objeto de culto entre colecionadores. Ele foi inventado na década de 70 e já usava tecnologia digital ao contrário do VHS que usava tecnologia totalmente analógica.

O DVD substituiu completamente o VHS e o Blu-Ray, por sua vez, substituiu o DVD em pouquíssimo tempo graças a qualidade gráfica de seus arquivos. Entretanto, o Blu-Ray não foi suficiente para manter vivas as locadoras de bairro que desapareceram por completo em fins de 2010, dando lugar ao aluguel via streaming em serviços como YouTube e Netflix.

 

 

Figura 1: Market Share do Betamax versus VHS de 1975 até 1989.

 

 

Figura 2: Consumo europeu de vídeo físico entre 2001-2011.

 

 

Figura 3: Market share do Netflix no mercado de streaming de vídeo digital nos EUA.

 

A algocracia e a virtualização das películas

 Segundo John Danaher, em seu texto sobre a algocracia, a predominância de algoritmos tem um lado positivo e um lado negativo. Trata-se do problema de privacidade. Os algoritmos são opacos, isto é, incompreensíveis para os seres humanos. Os algoritmos restringem as interações humanas, porque sua base de dados é manipulada por uma elite epistemológica. Falta transparência aos sistemas algorítmicos. O problema não está nos algoritmos em si, mas na elite que os cria e manipula. O sistema algorítmico é um sistema de tradução, basicamente. John Danaher preocupa-se em manter a influência humana no processo algorítmico. Danaher sugere como solução a integração entre sistemas algorítmicos e sistemas baseados em decisões humanas. Podemos observar que as antigas películas, mídias analógicas, foram substituídas por arquivos digitais.

Atualmente, a digitalização das películas, ao mesmo tempo em que gerou uma redução tremenda nos custos de produção de novos filmes, facilitando seu processo de produção, distribuição e consumo, também facilitou o processo de circulação de cópias não-autorizadas pelo autor inicial, propiciando a pirataria e a redução dos dividendos advindos dos direitos de autor.

Se por um lado, o processo de produção de um filme ficou muito mais simples e barato, ele também, por outro lado, gerou uma potência de difusão de cópias não autorizadas em escala muito avançada, diminuindo os dividendos da exibição de cópias originais, como acontece no caso das películas que já estão ultrapassadas. O próprio mercado de mídias físicas, DVD’s e blu-rays está em franca queda de consumo, porque os consumidores têm acesso aos arquivos dos filmes em websites piratas na rede mundial de computadores sem pagar os direitos de autor ao proprietário destes direitos. A vida útil comercial de um novo lançamento se torna bem menor, e cada vez mais, vemos encurtado o período em que víamos filmes nas salas de cinema, que estão ficando vazias, sendo lançados em plataformas de distribuição digital como o Netflix por exemplo, onde encontramos com facilidade títulos do próprio Almodóvar como “A pele que habito”, “Amantes passageiros” ou “Julieta”.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Documentário “Glorious Technicolour” consultado em https://www.youtube.com/watch?v=mI3NPe36eIE no dia 04/06/2017, às 23h00.

DANAHER, John. The threat of algocracy: reality, resistance and accomodation. Philos. Technol, n .29, p. 245-268, 2016.

SCHWARTZ, R, VANESSA E CHARNEY LEO (org.). O cinema e a invenção da vida moderna. Cosac & Naify: São Paulo: 2004.

Página da internet: https://es.wikipedia.org/wiki/Historia_del_cine consultada em 04/06/2017, às 23h00.

Página da internet https://pt.wikipedia.org/wiki/Video_Home_System consultada em 04/06/2017, às 14h07.

Página da internet: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Almod%C3%B3var consultada em 04/06/2017, às 23h00.

Página da internet: http://cinefilos.jornalismojunior.com.br/uma-viagem-preto-e-branco-para-o-colorido/ consultada em 04/06/2017, às 23h00.

Algocracia e produção de sentidos no cinema de Pedro Almodóvar