Por Carli Storino | Agosto 2019

“É uma felicidade imensa! Eu parecia uma criança! Pensei que nunca mais ia andar de bicicleta…”

A frase de Valéria Vieira resume bem a sensação de alguém que pedalava quando criança, mas abandonou os pedais em função de um problema de saúde repentino. Esse é o objetivo do “Bike Sem Barreiras”: integrar pessoas com diversos tipos de deficiência aos espaços de convivência da cidade. A ação de inclusão social é uma iniciativa do Grupo Ser Educacional e transforma a ciclofaixa de turismo e lazer num espaço realmente inclusivo.

As bicicletas do Bike Sem Barreiras

Iniciado em Recife em dezembro de 2016, o projeto acontece também em João Pessoa e Salvador. Cada capital conta com três bicicletas, acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida. No Rio de Janeiro, os encontros do Bike sem Barreiras começaram no início de julho e acontecem todo domingo ao lado do Posto 3 no Aterro do Flamengo (altura do Bar Belmonte), sempre de 9 às 12h. A iniciativa é da UNIVERITAS, coordenada pelo professor de Educação Física Jonathan Arruda.

O coordenador Jonathan Arruda conduz uma participante

A sorridente Valéria, ex-vendedora de 51 anos, soube do projeto pelo Facebook e veio de Alcântara, em Niterói, para participar. Após uma série de perdas pessoais, ela teve uma síndrome há 7 anos, que levou à amputação de sua perna esquerda. Sempre animada, Valéria conta que na infância a bicicleta era seu brinquedo preferido, mas a repentina deficiência a impediu de pedalar. Numa das bikes do projeto, ela aciona os pedais com as mãos para pedalar livremente, sem ajuda dos auxiliares da atividade. “Vou voltar outras vezes com certeza!” conclui ela.

Valéria Vieira dá um giro pelo Aterro do Flamengo

A psicóloga Margarida Chrysóstomo Ribeiro, de 53 anos e moradora de Botafogo, também participou do encontro e conseguiu pedalar. Ela, porém, contou com o apoio do marido Tom, que conduziu o guidão. Caso raro na medicina, ela teve um AVC isquêmico aos 8 anos de idade, que a deixou sem os movimentos no braço esquerdo.

“Quis reviver a experiência porque gosto de desafios e de me exercitar.” Margarida Ribeiro

Margot, para os amigos, aprendeu a andar de bicicleta quando criança, mas a sequela do AVC a impedia de usar uma magrela de novo. Ela usa a bicicleta fixa como atividade física, mas não teve a sensação de independência e liberdade da bike. Apesar de achar a iniciativa muito positiva, as bikes do projeto são mais adequadas para quem consegue fazer força com as mãos. Como sua força maior está nos pés, isso dificultou seu deslocamento por um percurso maior. Mas Margot pensa em fazer uma nova tentativa muito em breve. Vamos torcer!

Em 3 anos, o Bike sem Barreiras atendeu 600 pessoas, incluindo idosos, deficientes visuais e pessoas com mobilidade reduzida. Com somente um mês de atividade no Rio, o projeto já atendeu 50 pessoas e espera muito em breve receber um grupo maior. “Nossa meta é atender até 30 participantes todo domingo. Estamos animados!” afirma o coordenador Jonathan.

Nós também amamos o Bike Sem Barreiras, Jonathan, e esperamos que muito em breve a ação se espalhe por outros pontos da cidade. Sucesso no projeto e bons pedais!

Magrelas inclusivas: o projeto “Bike Sem Barreiras”