Por Carlos Diniz | Junho 2019

No Centro do Rio de Janeiro, todo dia é dia de teatro. São diversos espaços culturais voltados para essa forma de arte espalhados pela região, muitos com preços acessíveis ou com entrada gratuita. Da imponência do Teatro Riachuelo à simplicidade do Teatro de Bolso Sérgio Britto, os espaços resistem à falta de público, de dinheiro e de incentivo do poder público.

Andar pelo Centro é esbarrar com um teatro em cada canto. Partindo da Candelária, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é o primeiro a ser encontrado. Inaugurado em 12 de outubro de 1989, em um prédio histórico que foi sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, o CCBB conta com três salas de teatro, de 86 a 175 lugares, com espetáculos em cartaz durante todo o ano. Próximo ao CCBB, na Rua Visconde de Itaboraí, o Centro Cultural do Correios, inaugurado em agosto de 1992, com 200 lugares, tem uma programação teatral inconstante, nem sempre com algo em cartaz.

O próximo a ser encontrado, já na Avenida Rio Branco, é o Glauce Rocha, quase em frente à estação Carioca do metrô. Fundado em 1960, como Teatro Nacional de Comédia, foi rebatizado em 1979 com o nome atual e conta com 202 lugares. Ainda perto da estação Carioca, a Caixa Cultural, inaugurada em 2006, conta com um teatro de arena com capacidade para 226 pessoas e também, em outro prédio no Centro, com o Teatro Nelson Rodrigues, com 409 lugares. O Nelson Rodrigues foi inaugurado em 1976 como Teatro BNH, estreando com a peça Vestido de Noiva, do dramaturgo que dá nome ao local desde 1989.

Bem pertinho da Caixa Cultural, já na Cinelândia, há o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado em 14 de julho de 1909, com capacidade atualmente para 2.252 espectadores. Em um prédio inspirado na Ópera de Paris, o teatro tem uma programação voltada para concertos, óperas e apresentações de balé. A poucos metros do Municipal, há o Centro Cultural da Justiça Federal, situado no antigo prédio do Supremo Tribunal Federal, inaugurado em 1909. Foi reaberto como centro cultural em 2001, com capacidade para 142 pessoas, após sete anos fechado para obras de restauração.

LARANJEIRA, Vânia. [Theatro Municipal do Rio de Janeiro]. 2010.
Ainda na Cinelândia, desponta o Teatro Dulcina. Antigo Teatro Regina, comprado pela atriz Dulcina de Moraes em 1952, foi inaugurado em 1935 e reinaugurado em 2011, após passar quatro anos fechado. Foi sede da Fundação Brasileira de Teatro e palco das companhias de teatro de Tônia Carreiro, de Cacilda Becker e da própria Dulcina, contando hoje com 300 lugares. Também na Cinelândia, o Serrador, inaugurado em março de 1940 com um espetáculo da companhia do ator Procópio Ferreira, tem 280 lugares e ficou fechado de 2014 a 2015, reinaugurado em 2016 com um show de Bibi Ferreira, que estreou naquele mesmo palco em 1941. Está sem programação desde fevereiro de 2019, mas a Secretaria Municipal de Cultura, responsável pelo espaço, nega que irá fechá-lo¹.

O Teatro Rival, com seus 85 anos de história, palco do Teatro de Revista e do Teatro do Rebolado, hoje é voltado principalmente para shows e apresentações burlescas. O Teatro Riachuelo, bem pertinho do Rival, ocupa um prédio inaugurado em 1890 como Cassino Nacional Brasileiro e que foi, de 1928 a 2008, o Cine Palácio. Foi inaugurado em 12 de agosto de 2016 e conta com mil lugares.

Na Avenida Graça Aranha, há o Teatro Sesc Ginástico e o Teatro Firjan Sesi Centro, o primeiro com 513 lugares e o segundo com 350. Na Avenida Presidente Antônio Carlos, encontra-se o Maison de France, inaugurado na década de 1950, com 353 lugares. Os três apresentam, além de espetáculos teatrais, shows musicais e espetáculos de dança.

Na Praça Tiradentes, encontram-se o Teatro João Caetano e o Teatro Municipal Carlos Gomes. O primeiro, inaugurado como Real Theatro de São João em 13 de outubro de 1813, por Dom João VI, é a casa de espetáculos mais antiga do Rio de Janeiro e foi o local onde se assinou a primeira Constituição do Brasil. Tem capacidade para 1.200 espectadores. Já o Carlos Gomes foi inaugurado em 1872 como Theatro Casino Franco-Brésilien e reinaugurado como Carlos Gomes em 1905, após uma grande reforma. Com 685 lugares, passou por três grandes incêndios em sua história: em 1929, 1950 e 1960.

Há outros espaços que apresentam peças teatrais nos arredores do Centro. Na Lapa, encontra-se a Sede das Cias, inaugurada como residência dos grupos Companhia dos Atores, Os Dezequilibrados e Pangeia Cia de Teatro.  Na mesma região, está o Centro de Teatro do Oprimido, um centro de pesquisa e difusão que trabalha com projetos socioculturais, fundado em 1986. O Centro Cultural Light, com 194 lugares, eventualmente apresenta programação teatral. O Teatro de Bolso Sergio Britto, fundado em março de 2011, com apenas 70 lugares, faz parte do Instituto Nossa Senhora do Teatro, que oferece oficina de artes cênicas. Há ainda o Gonzaguinha, que fica no Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian, com 200 lugares, e o Teatro Raimundo Magalhães Júnior, na Academia Brasileira de Letras, com 350 lugares.

Muitas opções e histórias para quem quer se perder pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro e curtir espaços que estão sempre ameaçados de deixar de existir.

 

Para você organizar seu passeio:

Caixa Cultural: Avenida Almirante Barroso, 25.

Centro Cultural Banco do Brasil, Rua Primeiro de Março, 66.

Centro Cultural dos Correios: Rua Visconde de Itaboraí, 20.

Centro Cultural da Justiça Federal: Avenida Rio Branco, 241.

Centro Cultural Light: Avenida Marechal Floriano, 168.

Sede das Cias: Escadaria Selaron.

Teatro Carlos Gomes: Praça Tiradentes, s/n.

Teatro de Bolso Sérgio Britto: Rua da Constituição, 34.

Teatro Dulcina: Rua Alcindo Guanabara, 17.

Teatro Firjan Sesi Centro: Avenida Graça Aranha, 1.

Teatro Glauce Rocha: Avenida Rio Branco, 179.

Teatro Gonzaguinha: Rua Benedito Hipólito, 125.

Teatro João Caetano: Praça Tiradentes, 19.

Teatro Maison de France: Avenida Presidente Antônio Carlos, 58.

Teatro Nelson Rodrigues: Avenida República do Chile, 230.

Theatro Municipal do Rio de Janeiro: Praça Floriano, s/n.

Teatro Raimundo Magalhães Júnior: Avenida Presidente Wilson, 203.

Teatro Riachuelo: Rua do Passeio, 38.

Teatro Rival: Rua Álvaro Alvim, 33.

Teatro Serrador: Rua Senador Dantas, 13.

Teatro Sesc Ginástico: Avenida Graça Aranha, 187.

 

Referências

Centro Técnico de Artes Cênicas. Teatros do Brasil. Disponível em: <http://www.ctac.gov.br

http://www.rioecultura.com.br >. Acesso em: 18/06/2019.

Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://guiaculturalcentrodorio.com.br >. Acesso em: 20/06/2019.

Prefeitura do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/web/smc/teatros

http://www.funarj.rj.gov.br >. Acesso em: 19/06/2019.

Rio de Janeiro Aqui. Teatros no Centro do Rio. Disponível em: < http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/teatros_no_centro.html >. Acesso em: 20/06/2019.

Secretaria de Estado de Cultura. Mapa de Cultura RJ. Disponível em: <http://mapadecultura.rj.gov.br>. Acesso em: 19/06/2019.

 

¹Prefeitura do Rio de Janeiro. Comunicado: Teatros municipais não serão fechados. Disponível em: <http://prefeitura.rio/web/smc/exibeconteudo?id=9281171 >. Acesso em: 18/06/2019.

Um passeio pelos teatros do Centro do Rio