Por Tatiana Couto | Abril/2019
Correr 42 km, percorrendo a orla do Rio de Janeiro, passando pelo Morro Dois Irmãos, Pão de Açúcar e vendo o Cristo Redentor é dos grandes atrativos da Maratona Internacional do Rio de Janeiro. Cerca de 40 mil inscritos até agora vão participar da prova no dia 23 de junho que parte do Recreio dos Bandeirantes em direção ao Aterro do Flamengo.
O evento internacional, apesar de não ser um megaevento, tem formato de espetáculo: fecha as principais ruas da cidade do Rio de Janeiro, atrai milhares de participantes e angaria investimentos particulares e públicos. Também é dividido em dois dias. No dia 22, há a meia maratona (21 km) e a Maratoninha (corrida das crianças que é de 100 a 800 metros dependendo da idade). No dia 23, há a Maratona que ocorre paralelamente com as corridas menores de 5 e 10 km (com partida no Aterro do Flamengo). O evento possui uma “arena gastronômica”, com uma área de alimentação específica para os atletas e espectadores do evento e em outro bairro (no Estácio), a “casa da maratona”, onde haverá a ExpoRun, local que irá ter uma série de estandes com produtos e serviços voltados para os corredores, entre os dias 20, 21 e 22 de junho
Durante o percurso da Maratona, o atleta pode estar correndo perto do Morro Dois Irmãos, Pão de Açúcar, Cristo Redentor e a orla carioca. Os pontos da cidade que foram escolhidos para a corrida carregam o imaginário da “Cidade Maravilhosa”. Entende-se que ao escolher alguns “cartões postais” reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, a Maratona do Rio de Janeiro constrói simbolismo e identidade nas suas narrativas e tenta se posicionar como uma cidade a ser consumida pelos corredores.
Destacamos a publicidade da patrocinadora oficial Olympikus, do ano de 2014, para mostrar a imbricação entre cidade – imaginário – mercadoria. A peça publicitária escolhida possui um “image making”, pois promove e qualifica o Rio de Janeiro através de uma imagem que garanta a “estetização do lugar” (ARANTES, 2000).
A imagem traz um corredor inserido na cidade e no percurso da Maratona do Rio de Janeiro. Pode-se observar o mar, as árvores, a montanha, o asfalto e o corpo juntos no Elevado do Joá (ligação entre os bairros da Barra da Tijuca-São Conrado), que faz parte do trajeto da Maratona.
A mensagem escrita é “Correr no Rio é assim: A paisagem nunca vira paisagem”. Por que a paisagem nunca vira paisagem? Ao fixar o olhar na imagem publicitária, há uma percepção de cores e dos elementos que possam garantir um simbolismo e uma identidade para a cidade. O texto revela que há muito mais que uma paisagem de natureza, há uma série de percepções que envolvem o trajeto da Maratona do Rio de Janeiro.
A paisagem é mais que a paisagem neste sentido, é a fruição e a percepção do corredor durante a Maratona do Rio de Janeiro. É mais que uma corrida exaustiva de 42 quilômetros, é a alegria de estar na Cidade e usufruir dos pontos “maravilhosos” do trajeto.
Referências:
CAUQUELIN, A. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FREITAS, R. Da cidade-espetáculo à cidade-mercadoria: a comunicação urbana e a construção da marca Rio. Revista Eco-pós, v. 21, n. 3, Dossiê, p. 49-65, 2017.
JAGUARIBE, B. Imaginando a “cidade maravilhosa”: modernidade, espetáculos e espaços urbanos. Famecos, v. 18, n. 2, 2011.
VAINER, C. Cidades de exceções: reflexões a partir do Rio de Janeiro. Disponível em: https://br.boell.org/sites/default/files/downloads/carlos_vainer_ippur_cidade_de_excecao_reflexoes_a_partir_do_rio_de_janeiro.pdf. Acesso: em 16/06/2018.