Por Ana Clara Camardella | Abril/2019
O consumo está presente em inúmeras ações do nosso dia a dia. Podem ser elas ações pensadas ou não. Partindo da premissa de que a rotina dos indivíduos é pautada por diferentes formas de consumir, não poderíamos analisar a sociedade contemporânea, sem dar atenção aos processos de consumo. Agora, você já parou para pensar que muito do que você consome é carregado de significados culturais? Ao comprar uma roupa, mesmo que inconscientemente, você estará comunicando um estilo, um gosto. E de onde vem esse gosto? Provavelmente de alguma construção social/cultural.
A cultura é definida como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos e passados de geração em geração através da vida em sociedade. Já o consumo pode ser entendido como processos pelos quais bens e serviços são produzidos, adquiridos e consumidos. No campo da antropologia do consumo, o próprio é entendido como um processo sociocultural, no qual as mercadorias assumem outros valores além daqueles de uso e de troca. Ou seja, quando um indivíduo adquire um bem, ele pode estar buscando um status ou uma construção de identidade. Com isso, são colocados significados culturais naquele bem de consumo, como diria McCracken (2003).
Os bens podem apresentar duas funções: a função de subsistência e a função de promover relações sociais. A partir da função social, é possível afirmar que os objetos passam a atuar como mediadores de processos interativos, nos quais o consumo se faz como uma forma de comunicação.
Quando consumimos (seja uma blusinha ou um alimento que gostamos), estamos construindo processos culturais e de comunicação. Eu comunico algo com esta ação. Eu comunico meu gosto, que foi construído através de uma trajetória cultural. Quando eu escolho não consumir algo, também estou assumindo uma posição cultural, como por exemplo, a não ingestão de carne. As ações são repletas de significados. E precisamos assumir responsabilidades sobre esse ato tão presente. Douglas e Isherwood (2009) vão dizer que as mercadorias são boas para pensar. Portanto, vamos pensar mais sobre o nosso consumo?
Referências:
McCRACKEN, Grant. Cultura & Consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
DOUGLAS, Mary; ISHERWOOD, Baron. O Mundo dos Bens: Para uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.