Por Adair Rocha | Janeiro/2019
Partida, costurada, maravilhosa, perigosa, assustadora, imprevisível, surpresiva…são alguns dos marcos identitários dessa cidade que conhece e convive com os pressupostos contraditórios de projetos urbanos submissos ao modelo econômico e político e suas consequências dominadoras e exploradoras.
Antropólogos, filósofos, religiosos, políticos, ou político antropólogo, ou ainda filósofo religioso, todos opinam, administram, pensam e atribuem critérios metafísicos para soluções insolúveis…
Em meio a essa orquestra bufo-ideológica e confessional é possível vislumbrar num arquiteto, engenheiro ou produtor da arte urbana, o caos da cidade. Por vezes, pensam que podem interferir num campo que, teoricamente, é seu, por natureza do ofício, mas privatizado, quando os quartos de trabalhadoras domésticas, que ainda existem, continuem sendo celas prisionais, localizadas depois da área de serviço.
Enquanto isso os aplicativos dos carros particulares crescem em proporções geométricas para a solução de transporte sobre o mesmo espaço físico de contato do cotidiano urbano, cruzando cada vez mais com o futuro do Brasil, acrobatas das esquinas, como sentencia Faucet.
A normalidade das contradições de classe, bem como a presença da desigualdade, são reveladoras de uma tradição escravocrata das mais longevas da história.
Assim, a cidade do convívio da diferença dá lugar para o convívio da desigualdade que torna, absolutamente normal, a existência da FAVELA, cujas marginalidades humanas tornam problemas em soluções, na potencialização de sua cultura, de sua tradição, de sua religião, cobertos e sustentados na experiência coletiva e democrática.
Essa mesma cidade, onde as sementes do ódio e da violência estão estruturalmente plantadas, é a mesma que pede a ação da cidadania, da democracia e da fraternidade da convivência que os diversos discursos podem adotar, tanto do ponto de vista confessional, como ideológico e ainda cultural, na radicalidade de significação da cidade, sempre no pressuposto laico do papel do Estado.
Aí a Universidade tem seu acento e aceno, na diversidade e pluralismo das possibilidades, quando se inicia o texto explícito do novo ciclo de gestão pública, no Rio e no Brasil.
Nunca antes, as mídias foram tão desafiadas.