O culto ao corpo, sua importância no processo de construção da identidade na sociedade contemporânea e sua clara relação com os códigos de distinção social pelo consumo nos coloca diante de uma nova percepção da corporeidade. O que é um corpo belo e saudável no início do século XXI? Como pensar os cuidados com a saúde e com a aparência física sem levar em consideração o desenvolvimento da biotecnologia? Como compreender os processos de comunicação das redes sociais e os fluxos de imagens em tempos de superexposição da intimidade? São questões pertinentes que se colocam para nós pesquisadores das Humanidades e das Ciências da Saúde.

A estética, o consumo e a tecnologia invadem o campo da Saúde Coletiva e produzem novos sentidos que reforçam antigas hegemonias. As novas estratégias discursivas reiteram o lugar da biomedicina e do pensamento científico como produtores de verdades definitivas na vida cotidiana. O discurso superficial dos especialistas midiáticos busca a legitimidade da velha ciência moderna para construir uma nova percepção corporal e produzir sentidos que atendam aos seus interesses. Os cuidados com o corpo e com a aparência, portanto, não correspondem a atividade frívola, inocente ou banal; ao contrário, traduzem a produção social de sentidos e os conflitos da vida em sociedade. Corpos expostos no espelho revelam o narcisismo, o hedonismo, o cientificismo e o consumismo que caracterizam o nosso tempo.

 

Referência:

FREITAS, Ricardo Ferreira; PRADO, Shirley Donizete; ROMÃO, Francisco Ferreira; CARVALHO, Maria Claudia. Corpo e consumo nas cidades. 1. ed. Curitiba: CRV, 2014. v. 1. 250p .

Corpo e consumo nas cidades