Iris Souza
A Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade de Brasília (UnB) tomaram importantes passos em direção à inclusão de pessoas trans em seus processos seletivos. A UFF se tornou a primeira universidade federal do estado do Rio de Janeiro a adotar cotas para estudantes trans, com a decisão aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão no dia 19 de setembro de 2023. A partir de 2025, a UFF reservará 2% das vagas em seus cursos de graduação para estudantes trans. Além disso, a política se estenderá aos cursos de pós-graduação, garantindo ao menos uma vaga para esse público.
Essa medida na UFF é fruto de um diálogo entre a administração e os coletivos de estudantes trans, destacando a participação ativa da comunidade acadêmica na formulação dessa iniciativa. Alessandra Siqueira Barreto, pró-reitora de Assuntos Estudantis, o portal oficial da UFF enfatizou que a ação visa não apenas facilitar o ingresso, mas também garantir a permanência dos estudantes trans, promovendo um ambiente mais acolhedor e livre de discriminações.
A UFRRJ também avançou nessa pauta. Em 24 de setembro de 2023, a universidade aprovou a reserva de 3% das vagas de graduação para pessoas trans, sendo essas vagas supranumerárias, ou seja, sem impacto nas vagas da ampla concorrência ou outras cotas existentes. A decisão veio após um processo de mobilização liderado por movimentos e coletivos LGBTQIAPN+, além da atuação da professora Joyce Alves, que ressaltou ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior a importância dessa pauta para a universidade. Em 2023, a UFRRJ já havia implementado cotas para trans, quilombolas e pessoas refugiadas em seus cursos de pós-graduação.
A reunião da UFRRJ contou com a presença de figuras importantes, como Dani Balbi, deputada estadual trans e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Bruna Benevides, presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que reforçaram a importância da iniciativa para garantir um espaço mais inclusivo na universidade.
Por sua vez, a Universidade de Brasília (UnB) aprovou, em 17 de setembro de 2023, a criação de cotas para pessoas trans em seus cursos de graduação. A partir de 2025, 2% das vagas de todas as modalidades de entrada serão destinadas a travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos ou pessoas não binárias. De acordo com a instituição, se não houver candidatos trans concorrendo, as vagas remanescentes serão redistribuídas para todos os candidatos.
Essas ações não são isoladas: ao menos 17 universidades públicas brasileiras, incluindo 13 federais, já adotaram políticas afirmativas de reserva de vagas para pessoas trans. Desde 2018, com a pioneira Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), outras instituições, como a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), também implementaram essas medidas.
Bruna Benevides destacou que essas políticas são fundamentais para ampliar a presença de pessoas trans em espaços acadêmicos e de decisão, contribuindo para uma sociedade mais justa e inclusiva. Ela reforçou que, além de garantir o acesso, é essencial criar condições para que esses estudantes possam concluir seus cursos com sucesso.
Com essas iniciativas, UFF, UFRRJ e UnB se unem a um movimento nacional de instituições de ensino que buscam corrigir desigualdades históricas e ampliar as oportunidades de acesso à educação para a população trans, reafirmando que “as cotas abrem portas” e que a diversidade fortalece a ciência e a sociedade.
Fontes: UFRRJ aprova reserva de vagas para pessoas transexuais e travestis na graduação
Universidade de Brasília aprova cotas para pessoas trans | Distrito Federal | G1
UFF aprova reserva de vagas para pessoas trans na graduação e pós