Na primeira metade do século XX as comemorações de “anno bom” no Rio de Janeiro ocorriam na praça Floriano Peixoto, epicentro da Reforma Passos, e eram uma espécie de pré-carnaval. Com o passar dos anos e o deslocamento da elite econômica à zona sul, notadamente após a II Guerra, Copacabana desponta como a coqueluche da metrópole praiana. É verdade que mesmo antes da inauguração do hotel Copacabana Palace (1923) já ocorriam comemorações de ano novo na praia. Porém, era algo mais relacionado a grupos ligados à umbanda ou ao candomblé. As festividades de ano novo em Copacabana realmente ganham corpo a partir da década de 1950, rivalizando com o pré-carnaval da praça Floriano Peixoto.

A partir de meados dos anos 1970 o réveillon da “princesinha do mar” começa a atrair mais público do que o da região central e torna-se a principal festa de ano novo do Rio. Na década de 1980 a prefeitura assume a organização da festa e, notadamente a partir de 1993, durante a primeira gestão de César Maia, o réveillon de Copacabana é espetacularizado midiaticamente, tal e qual o carnaval da Marquês de Sapucaí.

As coberturas do jornal O Globo sobre o réveillon de Copacabana historicamente mostram uma dicotomia entre a festa e a violência, corroborando com a ideia de uma cidade bela e festiva, mas perigosa. Chamou-nos a atenção a repentina mudança de enfoque deste periódico, sobre violência na principal festa de ano novo do Rio, após a cidade ser eleita sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e a concomitante implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Esta dissertação buscou analisar essa mudança na abordagem do jornal O Globo sobre a violência no réveillon carioca, da década de 1920 até 2013. Para tanto, debatemos a “vocação” do Rio enquanto sede de megaeventos, o conceito de megaeventos, a lógica de implantação da UPPs e a mercantilização do espaço público.

Coordenado por: Ricardo Ferreira Freitas

Desenvolvido por: Roberto Vilela Elias

 

Referência:

ELIAS, Roberto Vilela. Boas saídas, melhores entradas: mídia e ano novo no Rio olímpico. 2013. 95 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Faculdade de Comunicação Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

Boas saídas, melhores entradas: mídia e ano novo no Rio olímpico