Thiago Oliveira de Souza | Junho 2022

Se “a propaganda é alma do negócio”, é preciso muito zelo e planejamento estratégico para colocá-la em prática. Esse processo vai além de uma simples campanha publicitária, ainda que haja aparatos e argumentos sedutores. A era do “não é você que escolhe o produto; ele que o escolhe” não cabe mais em tempos de interação social dos públicos de interesse. Todos estão atentos à ética, compromisso social, sobretudo à reputação.

Cada vez mais, o consumidor compreende seu lugar e o espaço que ocupa nas transformações da sociedade, exercendo sua cidadania. Engajado, em sua vasta pluralidade e diversidade, vem pleiteando as tomadas de decisão, principalmente pelas redes sociais. Vigilante a tudo o que é disseminado, ele é capaz de alavancar ou cancelar marcas, produtos, empresas, instituições e figuras públicas.

Dessa forma, a missão, a visão e os valores, que são a base de toda e qualquer cultura organizacional, precisam estar muito bem definidos e claros para todos os stakeholders. Por meio desses conceitos norteadores, são traçados os objetivos e as ações do planejamento estratégico, a fim de alcançar a excelência nos resultados e de justificar a razão de existirem. Assim, obtém-se a identidade, que deve estar em consonância com os atores envolvidos.

Nesse sentido, é imprescindível que a parceria entre as marcas e os influenciadores digitais seja realizada com muita cautela. É o que defende Issaaf Karhawi, em “Crises geradas por influenciadores digitais: propostas para prevenção e gestão de crises”. A doutora em Ciências da Comunicação afirma que, “ao se associar a alguma marca, o blogueiro torna-se uma espécie de porta-voz incapaz de ser controlado a todo o momento. Por isso, a seleção deve ser minuciosa”. Mais do que ser uma autoridade em determinada área, é necessário ir ao encontro dos propósitos da organização para dar credibilidade e veracidade. Quando isso não ocorre, por um comportamento ou conduta, há um grande risco, podendo gerar uma crise a ser administrada.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com o nadador Ryan Lochte, que realizou falsa declaração de assalto durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Além de ter sido suspenso por dez meses, o atleta perdeu patrocinadores. Entre eles, a Speedo. A marca rescindiu o seu contrato, por não concordar com a conduta do norte-americano, mesmo que tenham desfrutado de uma relação vencedora por mais de uma década. 

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Referências:

ISSAAF, Karhawi. Crises geradas por influenciadores digitais: propostas para prevenção e gestão de crises. São Paulo: Organicom, 2001.

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Thiago Oliveira de Souza é aluno de Jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da UERJ.

“Cabeça para usar boné e professar a fé de quem patrocina”