Caroline Ribeiro | Fevereiro 2022

A diversidade nas marcas é uma pauta atual e de profunda relevância. A busca por inclusão e representatividade nas empresas mostra-se, contemporaneamente, para além de uma questão social. Após perceberem a crescente necessidade de gerar conexão com o cliente para efetivar vendas, empresas e marcas têm investido em diversidade como recurso de progresso financeiro. Desta forma, a indispensável inserção de campanhas inclusivas e posturas posicionadas nas organizações correlaciona-se intrinsicamente à quebra de paradigmas sociais e ao aumento da confiança do público na empresa.

Em uma primeira análise, sob ótica sociológica, a inserção da pluralidade nas marcas constrói-se como meio de enfraquecer preconceitos e paradigmas sociais. Essa percepção encontra sua origem na importância de dar espaço e voz às minorias. Dessa forma, quando se fala de diversidade em marcas aborda-se muito além de campanhas publicitárias que retratem realidades diversas. É importante que as marcas entendam a exclusão de grupos sociais como um problema estrutural para que não desviem do alvo de uma campanha efetivamente inclusiva e acertem em uma apropriação de demandas.

Havaianas — Linha global Pride. Fonte: Reprodução da internet.

Assim, trabalhar o assunto de forma consistente (para além de datas comemorativas) é a chave para a eficácia da incorporação da pauta na organização.

Case de sucesso, a Skol é um perfeito exemplo de como encaminhar comunicação e ações de diversidade. Em 2017, a marca adotou uma postura pouco comum e desculpou-se por representar mulheres de forma machista. Para apresentar seu novo posicionamento, convidou seis ilustradoras para reconstruir campanhas e anúncios no que chamou de “Projeto Reposter”. Assim, Skol mostrou sua mudança de posicionamento assumindo seu passado e reconstruindo-o, além de entender a necessidade de dar o protagonismo ao verdadeiro centro da causa: as mulheres.

Campanha “Projeto Reposter” da Skol. Fonte: Reprodução da internet.

Em um segundo plano, sob perspectiva empreendedora e financeira, atentar-se às multiplicidades sociais é alcançar um maior público e, consequentemente, novos clientes. Essa afirmativa fundamenta-se no fato de que as pessoas, nos dias de hoje, consideram identificação e conexão um forte fator para compra de um produto. Logo, as marcas devem retratar as comunidades que planejam atingir, a fim de gerar vínculo com potenciais consumidores.

À vista disso, é fundamental que o corpo empresarial saiba trabalhar com o tema que se propõe. Um dos desafios é a falta de experiência da empresa e da própria equipe de comunicação com temas relacionados à grupos minoritários. Essa lacuna, muitas vezes, gera campanhas publicitárias caricatas e anacrônicas e posicionamentos equivocados e/ou superficiais. Dessa forma, retornamos à necessidade de entender o tema como problema estrutural e abordar a diversidade além do discurso, por exemplo, contratando negros e pessoas com deficiência para constituir o time de marketing.

Portanto, a representação da pluralidade social apresenta-se como característica extremamente positiva. Incluir a temática na atuação de marcas e empresas é um importante meio para ganhar confiança, gerar conexão e impulsionar vendas. Sendo assim, companhias que se recusarem a abordar a temática tendem a perder um grande público em potencial e debilitar sua credibilidade com atuais clientes.

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Caroline Rocha Ribeiro é estudante de Jornalismo na UERJ.

Contato: carolinerrocha66@gmail.com

Diversidade além do discurso