Por Douglas Vinicius | Março/2019
Hoje é Dia Nacional do Orgulho LGBT, mas, apesar da existência da data e de outros direitos que representam conquistas da comunidade e movimentos LGBTs, ainda falta muito para que possamos nos orgulhar de verdade. Ainda há muita intolerância, silenciamento e violência na realidade social enfrentada por esses grupos historicamente oprimidos.
O Brasil é um dos países que mais mata LGBTs no mundo. Levantamentos realizados por ONGs dão um retrato da realidade: a cada 19 horas é registrado um caso de morte violenta ou suicídio de indivíduos LGBTs. Isso é desesperador.
O relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) de 2017 registrou 445 homicídios no Brasil. O número é 30% maior que em relação ao registrado no ano anterior. Somos também o país que, analisando a violência para com um grupo específico, mais mata travestis e trans em todo o mundo, segundo levantamento da Organização Europa Transgênero (TGEU).
Para além da violência física, temos que considerar também as muitas formas de violência simbólicas e institucionais. Alguns indivíduos LGBTs passam anos de suas vidas sendo discriminados e rejeitados por uma grossa camada da sociedade e também muitas instituições, que deveriam zelar pelo seu bem-estar.
A maioria de nós não foi ensinado, nem na escola nem em casa, a não ser preconceituoso. Apesar da enorme diversidade social, étnica e cultural existente no Brasil, não sabemos abraçar e crescer com as diferenças.
Desde muito novos sempre fomos empurrados para práticas que só nos faziam discriminar e repelir mais e mais os diferentes de nós. Isso até o momento da internalização desses discursos, quando começamos a seguir nós mesmos os caminhos da intolerância e do desrespeito, sem nos darmos conta de onde surgiram essas ideias. É algo cultural, e não natural.
Somos criados para sermos, a princípio, o reflexo dos grupos sociais em que e com os quais convivemos. Logo, quanto mais plural forem nossos ciclos de convivência e sociabilidade, mais realidades e perspectivas diferentes poderemos conhecer, nos tornando assim mais empáticos e respeitosos com os outros, sejam eles diferentes ou até opostos a nós.
É válido também o exercício da empatia. Buscar entender e nos colocar no lugar do outro. Combater as opressões veladas e quase naturalizadas em nossos ciclos sociais, bem como buscar informações por conta própria e ajudar na disseminação das pautas e demandas da comunidade, independentemente se pertencemos à comunidade ou não.
Somente quando nos comportamos como um grupo que, mesmo muito diversificado, está unido em torno de valores de inclusão e respeito, poderemos caminhar juntos para um país mais justo e seguro para LGBTs.